Saudações, aprendizes! Neste post, mais um capítulo do projeto A Queda de Arcádia.
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A última parte da viagem
foi a mais difícil para Rastler. Um banquete
em Lago Mardul, no castelo de lorde Leonard, um dos favoritos de Lucian. Isso
por si só não era problema nenhum. A grande dificuldade seria rever aquela pessoa.
- Lembra-se de Lago Mardul, primo? - Perguntou-lhe Lucian, ao
entrarem pelos portões da cidade. Cavalgavam lado a lado.
- E poderia ter esquecido? - Manteve o sorriso, embora este lugar
lhe trouxesse a lembrança de mil espadas a perfurar-lhe o coração. Foi aqui
que desisti, não pode deixar de pensar. Foi aqui que abandonei minha
herança e meus graus de cavalaria. Meus amigos e minha família. E, acima de
tudo, desisti de Jeren Mardul. Mas não diria isto ao primo. Haviam certos
limites quando se falava com um príncipe, mesmo que fosse um maldito bastardo
de coração negro como Lucian. - O torneio há cinco anos. Você derrubou todos os
justadores, e sagrou-se cavaleiro.
- Quase todos. - Lucian o olhou profundamente. Aquele olhar frio que faz qualquer um sentir que está caindo num abismo dentro de si mesmo. - Você seria um cavaleiro também se não tivesse fugido. Sempre foi melhor do que eu em qualquer tipo de combate. Poderia ter sido um campeão.
- Está exagerando. Além disso, uma derrota mancharia seu nome. -
Mentira. Ele não sabe. Ainda me trata como seu melhor amigo, sem saber que
eu o teria matado naquele dia.
- Besteira. Nasci um bastardo, com o nome mais manchado que
poderia ter tido. - Lucian sorriu, aquele seu sorriso pálido e sem vida. – Isso
vai mudar.
E o príncipe negro apressou o galope para colocar-se à frente do
grupo, e ser o primeiro a alcançar o castelo. Rastler ficou pensando nas
palavras do primo: Isso vai mudar.
Bastou Lucian se afastar um pouco para a confusão começar:
- Controle seus animais, Raslter. - Lorde Leonard apressou seu
galope para emparelhar com Rastler. – Minha cidade não é um chiqueiro de
porcos.
Rastler sequer precisou responder. Darl Boca Suja fez isso por
ele:
- Porcos que salvaram esse seu rabo empinado em Granlago, senhor
do lago de merda.
Os mercenários riram alto. Lorde Leonard não gostou de ser motivo
de troça.
- Não dirigi a palavra a você, mercenário. - Seu rosto sardento
estava tão vermelho quanto seus cabelos. - Se seu capitão não tem peito para me
responder à altura, é porque colocou-se no seu lugar. Sugiro que faça o mesmo.
- Lorde Leonard. - Chamou Rastler. Estava cansado das provocações
dos cavaleiros negros. - Com todo o respeito, senhor. Vai pra merda.
- Eu teria mais cuidado com a língua se fosse você.
- Não, milorde. - Rastler mantinha-se calmo. - Cuide-se você.
Insulte meus homens mais uma vez, e arrancarei sua língua. Na frente do Rei, se
for preciso.
- Está me ameaçando?
- Não me entenda mal. Não faço ameaças. Isto é uma promessa.
- Vai se arrepender disto, maldito. - E lorde Leonard apressou-se
para alcançar o Lucian e os portões do castelo
- S-senhor... - Gaguejou um garoto que vinha logo atrás de
Rastler, que parecia mal suportar o peso da armadura. No entanto, era o jovem
mais promissor no acampamento, segundo Darl. – Aquele não é o senhor destas
terras? Foi sensato falar com ele desta forma?
- Aí está algo que tem de aprender, Dallas. - Explicou Rastler ao
garoto. - Nunca se rebaixe perante otários como aquele. Eles pisarão em você
sem dó nem piedade se você deixar.
- Juro que um dia vou acertar esse aí em cheio, bem nas bolas. -
Falou o Boca Suja.
- Espere até o torneio e terá a sua chance. - Rastler divertiu-se
com o pensamento. - Vou lhe cobrar isto.
A cidade era exatamente da forma como se lembrava, com grandes e
pequenas casas de madeira erguidas ao redor da água. A leste do lago, o castelo
erguia-se poderoso, e sua muralha circundava toda a área nobre da cidade. Um
jovem cavaleiro os esperava nos portões do castelo. Os cabelos cor de fogo denunciavam
seus traços Mardul. Filho de Leonard? Sabia que não. Filho de Lucian e... Sacudiu a cabeça e afastou o pensamento. O jovem trajava armadura completa e montava seu cavalo de guerra, e
trazia ainda uma escolta de mais de quarenta homens armados. Tudo isso para
receber o príncipe negro.
Os bastardos sangrentos foram alojados no pátio do castelo, em
tendas e pavilhões improvisados. Era certo que a casa Mardul não esperava por
mercenários, e o pequeno grupo de Rastler atraiu todos os olhos do castelo
sobre si. Até mesmo os cavaleiros menos importantes da tropa de Lucian
receberam quartos de hóspedes no castelo, assim como todos os senhores do rio.
Claro que isso não incomodou o capitão dos bastardos.
O festim se iniciou ao anoitecer. Das tendas no pátio podia
ouvir-se a música vinda do salão de Lorde Leonard.
- Que hospitalidade... - Comentou Henrik, que bebia um grande
caneco de cerveja. Mesmo sem ter acesso ao interior do castelo, os mercenários
foram atendidos com comida e bebida em abundância. - Eles tem a festa deles e
nós temos a nossa.
- Acho bom. - Disse Shayra, enquanto devorava um majestoso pernil,
sem cerimônias. - Eu não gostaria de estar no meio deles.
Rastler sabia que era verdade. Shayra Raardan era uma bárbara das
montanhas do dragão, e embora eles fossem bons vassalos do Rei, seus costumes
eram completamente incompatíveis. Em primeiro lugar, estava o fato de ela ser
mulher. As mulheres do reino não lutavam em batalhas. Pelo menos não as
mesmas batalhas que os homens. Não havia dúvidas de que o nome do pai dela
lhe garantiria um lugar no banquete. O Clã Raardan comandava as montanhas desde
antes de se submeterem à coroa.
- Tolice. - Darl Boca Suja já havia bebido demais, e tudo o que
saía de sua boca era zombaria. - Tem medo de arrumar um marido, isso sim. Algum
corajoso para te domar.
- Por que não tenta, velho? - A mulher largou seu pedaço de carne
e levantou-se, ameaçadoramente. Se tomasse um banho e vestisse roupas de
mulher, talvez Shayra se tornasse agradável aos olhos. Larga de ombros e
quadril, mais de um metro e oitenta de mulher sob uma cota de malha suja e
rasgada. Os cabelos caíam até a cintura, louros, volumosos e embaraçados.
Muitos homens em campanha não ligavam para beleza ou higiene, e investiam em
qualquer coisa mais ou menos feminina. Na primeira noite em que estivera com os
bastardos Shayra matou dois homens que passaram dos limites, e aleijou um
terceiro, posteriormente executado por Rastler. Embora não tolerasse tal
comportamento de seus homens, o comandante jamais a teria aceitado se ela não
soubesse se defender. Andou até o velho e desafiou-o novamente: - Levanta. Vem
me domar, velhote.
- Cala a merda dessa boca, menina. - Darl riu e bebeu mais um
gole. - Consigo coisa melhor. E sem ter que lutar.
- Aceito seu desafio, Shayra. - Ron se levantava, tirando o
cinto da espada e deixando-o sobre a mesa. Ao contrário do Boca Suja, estava
sóbrio. - Sem armas, apenas punhos. Se eu vencer, você é minha.
- E se eu vencer? - A mulher virou-se para o jovem guerreiro. - O
capitão gosta de você, então não vou poder te matar. Mas uma boa surra não fará
mal a ninguém.
- Essa eu pago para ver. - Rastler sorriu, e bebeu um longo gole
de seu vinho. Ron, seu desgraçado viciado em mulher. - Aposto duas
moedas de ouro na Shayra.
- Apostado. - Henrik, o arqueiro, colocou duas moedas sobre a
mesa. - Sinto muito, capitão, mas levarei seu ouro. Ron vai detonar ela.
Num primeiro momento Ron expressava incredulidade para com seu
capitão. Um segundo depois expressou dor quando o punho de Shayra o atingiu na
boca do estômago, fazendo-o se curvar e recuar alguns passos.
- Só isso, leoa das montanhas? - Provocou-a, levantando-se e
tomando um pouco de ar. - Pensei que batesse mais forte.
Ela investiu novamente, com ainda mais agressividade. Ron conseguiu defender-se de três socos na direção do rosto, mas foi atingido por
um quarto golpe na lateral da cabeça. Cambaleou novamente.
- Maldito! - Gritou Henrik. - Vai me fazer perder duas
moedas.
- Pode não parecer, mas ele sabe o que está fazendo. - Interveio
Rastler. - Ele a está cansando.
E era verdade. Shayra era uma cabeça mais alta do que o mercenário, e
visivelmente mais pesada. Ele deixava-a atacar, e usava sua agilidade para
defender-se da maioria dos ataques. Quando ela estivesse exausta, ele atacaria.
Foi quando ela pôs toda a sua força num cruzado de direita que ele esquivou-se
e chutou-lhe as pernas, derrubando-a de joelhos. Agarrou-lhe os cabelos com a
mão direita e levantou a esquerda para bater.
E foi aí que a coisa ficou feia.
Talvez ele a tivesse subestimado. Talvez não tenha considerado que
ela já tenha passado por todo o tipo de peleja. Shayra o abraçou com força pela
cintura e levantou-se de uma vez, erguendo-o do chão por alguns instantes.
Caíram sobre uma mesa, derrubando toda a bebida e espalhando comida por todos
os lados. Os mercenários levantaram-se para abrir espaço, enquanto os dois
rolavam aos socos.
- É forte essa cadela, não? - Riu-se Boca Suja, enrolando a
língua. Os bastardos sangrentos gritavam e torciam, comiam e bebiam
- N-não é melhor separá-los, s-senhor? - Perguntou Dallas, o
garoto gago.
- Pode tentar se quiser, mas eu não o aconselho a fazer isso.
Deixe que se conheçam melhor. - Levantou-se e alcançou duas moedas de ouro para
o garoto. - Cuide da minha aposta.
O rapaz assentiu e Rastler deixou a tenda, que fervia aos gritos
enlouquecidos de seus bagunceiros. Andou até os estábulos, onde encontrou um
canto escuro para aliviar-se do vinho. Levantou os olhos para o castelo, e
ouviu a música por alguns instantes. Poderia estar lá, mas não aguentaria. Droga,
Rastler. Quinze anos e você não a esqueceu. Fugiu para esquecê-la, e voltou
porque julgou ter conseguido. Mas agora via ser impossível.
- Tem um grupo bem interessante. - Rastler virou-se de um salto, e
a primeira impressão que teve foi de que bebera além da conta. Mas percebeu
haver realmente alguém ali, parado há apenas alguns metros dele, sob uma capa
que esvoaçava ao vento da noite. - Pensei que jamais o veria de novo, meu
amigo.
- Sir Trebane. - O capitão mercenário cumprimentou-o. Não havia
como não reconhecer aquela voz. Andou até o recém chegado. - É um prazer
revê-lo, senhor.
- Deixe-me dar uma boa olhada em você, rapaz! - O velho
adiantou-se, e então Rastler pode ver seu rosto. Sardento e envelhecido, olhos
azuis e cabelos ruivos que já começavam a rarear no alto da cabeça. Os típicos
traços Mardul. Segurou-o firme pelos ombros e sorriu. - Parece forte como um
touro!
- O senhor também não me parece mal. - Realmente era bom rever
aquele velho. Sir Trebane fora um dos mestres responsáveis pela sua educação, e
devia muito a ele.
- Esperei por você no banquete, mas não apareceu. - Falou o
cavaleiro, num tom triste. - É a segunda vez que o vejo fugir. Posso garantir
que não o ensinei isso.
- Desculpe pela minha ausência hoje. Mas festins não combinam
comigo.
- Já que não foi até o salão, eu vim até você. Caminhe comigo,
Rastler. - O velho virou-se e pôs-se a andar, com o mercenário a acompanhá-lo.
- Capitão mercenário?
- É uma boa forma de se ganhar a vida hoje em dia, se me permite
dizer. Há guerras por todos os lados.
- E agora pretende vender sua espada ao Rei? - Perguntou o
cavaleiro, num tom de desaprovação.
- Não. Voltei a Arcádia porque este país é a minha casa. Minha
espada está a serviço do Rei desde o meu retorno, embora nenhum contrato tenha
sido feito.
- Eu soube do que fez na Vigia do Leste. - Sorriu e balancou a
cabeça. - Posso dizer que estou ao mesmo tempo orgulhoso e desapontado. Quebrou
sua palavra. Não lembrava de ter treinado um vira casaca.
- Entristece-me ouvir isto do senhor. - Rastler conhecia Sir
Trebane muito bem. Um demônio no campo de batalha, mas de uma honra
inquestionável. - Alguém tem que fazer o trabalho sujo de vez em quando. E pelo
que sei, se não fosse pela minha virada de casaca o herdeiro do trono de
Arcádia estaria morto agora. Ou coisa pior.
E era verdade, não importava o quanto sir Trebane Mardul estivesse
disposto a discordar. Rastler estava a serviço do Imperador de Iskarish, um vasto
império à leste e sudeste de Arcádia. O plano era atacar a Vigia do Leste,
defendida pelo príncipe Ricard de Rasíris, o herdeiro do Rei Teobald. O ataque
seria uma distração. Enquanto isso, uma frota de vinte navios atracaria ao
norte da Vigia e lançaria um arrasador ataque às defesas do príncipe, que
estariam ocupadas. Os bastardos sangrentos tripulavam o primeiro navio e
constituíam a vanguarda. Teria sido o fim do herdeiro de Arcádia, se não fosse
por alguns detalhes. Rastler comprou mais da metade dos capitães e sabotou o
ataque surpresa. Atracou sozinho com seus bastardos sangrentos e, quando entrou
na batalha, lutou por Arcádia.
- Por isso disse também que de certa forma fiquei orgulhoso. Posso
não aprovar o que fez, mas aprovo sua lealdade a sua família e ao seu país.
Este é o Rastler que eu conheço.
- Espere até ver o que não conhece. - Riram. A esta altura já não
estavam mais no pátio, e caminhavam pelo interior do castelo. Sabia que o
cavaleiro não o levaria até o salão, então não se importava. - O verei no
torneio?
- Estarei lá, mas não vou competir. Meu tempo já se foi. Deixo a
glória do torneio para os jovens.
- Então não haverá a menor graça. Voltei a este país após quinze
anos e o que encontro? Jovens cavaleiros de nariz empinado, que se borram
perante uma parede de escudos.
- Não diga isso, meu amigo. - O velho refletiu por alguns
instantes. - Embora em partes talvez eu deva concordar. A verdade é que há
cavaleiros e há cavaleiros, se é que entende o que eu quero dizer.
Vejamos por exemplo o meu sobrinho...
- Lorde Leonard.
- Isso. - respirou fundo. - Eu não deveria estar dizendo isto, mas
sinto pena do povo de Lago Mardul desde o dia em que aquele cabeça de vento se
tornou lorde. Aquele homem não tem noção nenhuma de nada. Se ele não mudou até
hoje, receio que as esperanças estejam perdidas.
- Talvez uma boa surra, o que acha?
- Talvez. Embora eu acredite que nem todas as surras do mundo
poderão ajudá-lo.
Riram. Rastler perdera a noção do quanto andaram, e percebeu estar
subindo por uma escada circular.
- Espere um pouco. - Diminuiu o passo. - Para onde exatamente está
me levando?
- Suponho que tenha um palpite.
Não. Por favor não. Mas não diria
isso. Não demonstraria medo. Sentiu-se logrado, nada mais. Eu deveria ter
imaginado. Sir Trebane Mardul, guardião de Jeren Mardul. Era assim desde que
éramos crianças, em Rochaforte. Não. Aquela Jeren Mardul não existe mais. Já
faz quinze anos.
O velho parou em frente a uma porta, no alto das escadas.
- Está preparado? - E abriu a porta, revelando um aposento
circular. Aqui é uma das torres de observação. Da janela dava para ver
todo o lago, negro contra a noite. Alguém o esperava lá.
Linda, como sempre. Os longos
cabelos ruivos estavam trançados. Rosto sardento e olhos azuis. Os quadris mais
largos desde a última vez. Aquele belo rosto maravilhoso de sempre. Sentiu que
sua cabeça explodiria. Eu a amo. Amo. Amo. Não, Rastler, seu maldito idiota.
Você fugiu, lembra? Há quinze anos. Você a abandonou, quando ela mais precisou
de você. Deixou que ela casasse contra sua vontade. Se ao menos o tivesse
matado. Só você poderia... Pensou em inúmeras coisas para dizer. Eu a
amo. Amo. Amo. Mas o que saiu de sua boca:
- Você deveria estar no banquete. - Duro e frio como uma pedra. -
O que o senhor seu marido diria se fosse vista por aqui?
- Lucian não parece se importar com o que faço ou deixo de fazer.
- Falou sem cerimônias. Estavam a menos de dois metros um do outro, e Rastler
segurava-se para não beijá-la e amá-la. - Além disso tenho um ótimo cúmplice,
não é, Tio?
- Às ordens, minha senhora. - O velho cavaleiro permanecia à
porta.
- Esperei por você no banquete. Mas vejo que continua fugindo.
- Não fugi. - Dói. Está me
matando, mulher. Sentia-se novamente um garoto. Um garoto que foi pego
roubando tortas na cozinha. - O que queria que eu tivesse feito? Queria
que eu tivesse matado meu próprio primo? Sabe que somos como irmãos.
- Não importa mais, Rastler. - Uma lágrima escorreu-lhe pelo rosto
sardento. - Você não pode mudar nada. Você teve a chance e não o fez. Me
deixou. Me abandonou.
Deu dois passos para a frente e o beijou. Rastler a abraçou e
beijou-a com todas as forças. Como é doce.
E, por alguns segundos, o mundo era seu.
Mas o beijo terminou tão rapidamente quanto começou. Jeren recuou,
os olhos cheios de lágrimas.
- Eu só queria saber... - Passou as mãos no rosto e secou as
lágrimas. - Já não é mais a mesma coisa.
Apressou-se e saiu.
- Sinto muito, Rastler. - Falou sir Trebane, e saiu atrás da
sobrinha.
Mil infernos. Não poderia ter sido pior.
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