terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Resenha - O Nome do Vento

  Saudações, aprendizes! Abrindo a seção de resenhas, hoje lhes trago O Nome do Vento, o primeiro livro da trilogia A Crônica do Matador do Rei.


Título: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Série: A Crônica do Matador do Rei
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 651
Sinopse:
"Meu nome é Kvothe, com pronúncia semelhante à "Kuouth". Os nomes são importantes, porque dizem muito sobre as pessoas. Já tive mais nomes do que alguém tem o direito de possuir.


Meu primeiro mentor me chamava de E'lir, porque eu era inteligente e sabia disso. Minha primeira amada me chamava de Duleitor, porque gostava desse som. Já fui chamado de Umbroso, Dedo-Leve e Seis-Cordas. Fui chamado de Kvothe, o Sem-Sangue; Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador do Rei. Mereci esses nomes. Comprei e paguei por eles.



Mas fui criado como Kvothe. Uma vez meu pai me disse que isso significava 'saber'. Fui chamado de muitas outras coisas, é claro. Grosserias, na maioria, embora pouquíssimas não tenham sido merecidas.



Já resgatei princesas de reis adormecidos em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon. Passei a noite com Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da Universidade com menos idade do que a maioria das pessoas consegue ingressar nela. Caminhei à luz do luar por trilhas de que outros temem falar durante o dia.



Conversei com deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorar.



Vocês devem ter ouvido falar de mim."


  
  Confesso que por muito tempo relutei em começar a leitura de A Crônica do Matador do Rei. Em parte por estar cansado de séries e trilogias; Em parte também pela sinopse da contra-capa do livro, que não empolga muito (a que usei acima foi da orelha do livro); Além disso, parece haver uma exploração do gênero de histórias fantásticas, o que faz com que nos deparemos com livros ruins muito mais frequentemente do que gostaríamos.
  A verdade era que eu estava enganado. Acabei lendo por indicação de um amigo. Em poucos dias estava pensando em como não tinha lido isso antes?
  
  O enredo tem seus altos e baixos, é claro. A história começa com o cotidiano na hospedaria Marco do Percurso, do simplório Kote e seu ajudante Bast. As coisas parecem mudar quando um monstro ataca nos arredores da cidade, fazendo com que Kote saia escondido à noite, mostrando-nos que ele é muito mais do que parece.
  Nessa mesma noite, Kote acaba salvando um homem - O cronista - que começa a suspeitar de que o hospedeiro é na realidade Kvothe, o personagem central de muitas lendas.
  É aí que a narrativa se torna um pouco mais interessante. Kvothe começa a contar ao cronista a história de sua vida - a verdadeira história - num processo que levará três dias.
  O Nome do Vento trata do primeiro dia, enquanto o cronista tenta desvendar quem é o homem por trás da lenda, separando o que é mito do que é realidade. 
  
  O relato de Kvothe começa com a infância numa trupe itinerante e o contato com seu primeiro mestre, que lhe dá a base de sua educação arcana. Depois de um certo acontecimento, devo dizer que foi preciso de um esforço mínimo para não largar o livro. O trecho em que o protagonista sobrevive nas ruas de Tarbean foi para mim o ponto mais chato do livro, com uma narrativa arrastada e sem muitos personagens.
  
  Mas a insistência vale a pena. Quando Kvothe parte de Tarbean em direção à Universidade, a história toma um rumo novo e interessante. A partir daí o livro flui numa rapidez impressionante, à medida que novos personagens vão acrescentando vida ao livro. É nesta parte que o autor nos mostra a qualidade da sua escrita e do mundo que criou. Em termos de ambientação, O Nome do Vento não fica devendo à ninguém.


  A magia, por si só, também deve ser comentada. Patrick Rothfuss não poupou esforços para nos dar um sistema de magias detalhadamente explicado e consistente. Você verá explicações sobre como as magias funcionam e os efeitos colaterais que um mago pode vir a sofrer.
  Ainda no quesito magia, vale também mencionar a denominação, ou a arte de nomear as coisas. Uma forma de magia antiga, que nem todos podem praticar. Não é preciso dizer por que o o livro se chama O Nome do Vento.

  Não tem como continuar falando sobre a trama sem estragá-la. Portanto, vamos à outras considerações:
  
 As descrições são na medida certa: nem superficiais demais, nem detalhistas demais. O autor não desperdiça nosso tempo explicando minuciosamente a cultura, a política, o sistema monetário e o calendário de seu mundo. Tudo vai sendo inserido de forma quase imperceptível, e logo você se sente parte daquele mundo.
  A edição do livro também é digna de nota. A diagramação foi tão bem feita que leitura não cansa os olhos. Ponto para a editora Arqueiro. A capa é linda, com a ilustração de Marc Simonetti, um dos melhores desenhistas da atualidade.
  Infelizmente, nem todo dia é domingo, e o ponto fraco do livro pode ser crucial para alguns leitores. Kvothe é o protagonista, e a história é sobre a sua vida. O problema é que o personagem é um baita apelão. Não chega a ser um exagero, mas sua genialidade às vezes irrita. Ele é bom em tudo o que faz. Ele sabe quase tudo. Se o livro não tivesse outras qualidades tão boas, eu mesmo o teria deixado de lado. No entanto, a obra de Patrick Rothfuss é fantasia do mais alto nível. Deste modo, a apelação foi algo que me desagradou, mas nem tanto.


  Seja como for, dê uma chance ao livro. Você vai dar risadas com Wilem e Simmon. Vai se encantar por Feila, se irritar com Ambrose e pegar um empréstimo a juros altíssimos com Devi. Vai aprender sobre simpatias com Elxa Dal, trabalhar na oficina de Kilvin e na Iátrica com Arwil e Moula.

  E vai perambular pela noite com Kvothe, procurando por Denna ou por qualquer coisa sobre o Chandriano. E, se for poderoso o suficiente, vai chamar o nome do vento.


  E ele vai obedecer.


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