terça-feira, 13 de setembro de 2016

Desencavando projetos antigos!

Saudações, aprendizes! Encontrei estes arquivos por acaso, vasculhando pastas velhas no pc! Foi o meu primeiro projeto, quando coloquei na cabeça a ideia de ser escritor.  Que tal uma palinha?


Imagem retirada da internet

PRÓLOGO: O DESPERTAR
  

   Acordou com o sol no rosto, a claridade inundando o quarto onde estava através das inúmeras frestas na parede. Mas “onde” poderia estar não sabia. Tentou levantar e sentiu uma dor lancinante na perna esquerda, logo acima do joelho. Destapou-se dos lençóis e notou seu braço esquerdo enfaixado, assim como seu abdômen. Com esforço conseguiu ficar de pé, e andou mancando até a parede na qual havia um espelho.
   Examinou seu reflexo por alguns minutos, tinha a aparência de um jovem, provavelmente com dezessete ou dezoito anos. Cabelos vermelho escuros caíam-lhe embaraçados aos ombros, e seus olhos eram negros. Em seu rosto havia uma cicatriz um tanto interessante: um corte começando sobre seu olho direito e terminando logo abaixo dele. Seu corpo era magro e ele não parecia ser muito alto. Além das faixas e curativos que trazia, vestia apenas uma calça preta muito larga, aparentemente feita de um material leve, porém resistente.
   Virou de costas para o espelho e examinou o quarto. Era bem rústico, as paredes de madeira escura continham largas frestas que permitiam que a luz solar banhasse o lugar com calor. Com a claridade abundante agora, podia ver perfeitamente o aposento. Em um canto estava a cama onde estivera deitado há pouco. Ao lado da mesma, um armário velho e além uma janela, ainda fechada. Na parede oposta a do espelho havia uma porta, também fechada. Sem pensar duas vezes, andou até a janela e a abriu.
   Percebeu estar no segundo andar de algum tipo de estalagem, no que parecia ser uma vila de pescadores a beira da praia.
   Deu as costas à janela, e um pensamento invadiu ferozmente sua cabeça. Em apenas alguns instantes fora capaz de analisar o quarto, o aspecto pesqueiro da vila e sua aparência no espelho. Mas duas dúvidas assombravam sua mente: “como chegara ali?”, e a segunda, ainda mais aterrorizante: “quem era?”. Seu cérebro começou a trabalhar freneticamente, mas sem efeito, não lembrava sequer do próprio nome.
   Neste instante, a dor na perna pareceu amplificar-se até que o ferimento na barriga começou a formigar, e quando se deu conta, já estava de joelhos no chão.

***

   Estava sentada ao lado da janela, lendo um pergaminho velho e encardido sob a luz de um globo mágico conjurado recentemente. Vez ou outra se distraía da leitura e olhava através da janela, para o porto que era movimentado mesmo àquela hora da noite. Possuía uma visão privilegiada dali de onde estava, no segundo andar. Por ser uma cidade pequena, Baleen logo passava a impressão de ser quieta, o que estava longe de ser verdade. Tratava-se de uma comunidade pesqueira, e o que a tornava tão especial era o fato de que ali estava o porto mais próximo do continente. E por isso as embarcações faziam uma última parada ali, antes de atravessarem o Mar do Dragão Rei.
   -Está se distraindo novamente... - Disse o Mestre, sentado do outro lado do quarto. Um homem já em idade mais avançada, com longos cabelos grisalhos, usando uma túnica escura um pouco desgastada. - Deveria fazer uma pausa por hoje, se está cansada.
   -Desculpe, Mestre... - A garota sorriu. Também usava uma túnica velha e judiada. A jovem tinha olhos azul-claros, e os cabelos louros passavam-lhe da cintura. - Ainda não me acostumei com o pessoal daqui. Francamente... E como se eles nunca dormiss...
   Batidas na porta a interromperam. Não poderia ser nenhuma serviçal da estalagem, pois as últimas haviam se retirado após trazerem o jantar. O velho mestre foi atender. Tratava-se do próprio dono da pousada, acompanhado de um jovem alto e forte.
   -Desculpe-me por incomodá-lo tão tarde da noite, Mestre Claus... - O dono da hospedaria era um senhor alto e careca, com o bronzeado típico das pessoas daquela região. - Mas foi o Sacerdote-Chefe quem me pediu para chamá-lo.
   -O Sacerdote-Chefe?
   -Isso mesmo, senhor. - Explicou o rapaz que viera junto. Tinha cabelos escuros e crespos. Além disso, trazia um punhal de cabo prateado à cintura, sinal claro de que estava em treinamento para se tornar um caçador. - Ele disse que se trata de algo urgente. Algo que os caçadores encontraram na orla do bosque. Se puder me acompanhar, por favor.
   -Claro. Em um minuto estarei lá embaixo. – E os dois se retiraram depois disto. O mestre fechou a porta e virou-se para a moça: - Pegue suas coisas, Layla, vamos ver o que os caçadores encontraram.

***

   Noite. Do alto da colina, um vulto observava. A sua frente, uma vasta planície, onde de dia era possível avistar uma grande cidade ao longe. Às suas costas, uma floresta. Era uma presença quase imperceptível, não fosse pelo vento batendo em sua capa negra e fazendo-a chacoalhar sob a luz das estrelas e do luar. Esperou por um tempo, até que outro vulto saiu do meio das árvores. Os dois estavam encapuzados, de forma que nem ao menos seus rostos eram visíveis. O recém chegado parou ao lado do outro. E perguntou:
   -E então? – Demonstrava surpresa ao falar. – Não pensei que nos veríamos tão cedo.
   -Começou. Senti obrigação em avisar-lhe oficialmente.
   -O que e como descobriram?
   -Tudo. - Respondeu devagar o que já estava ali. - O ritual, os recipientes. Há um informante, mas não estou bem certo de suas intenções.
   -Deixe o informante de lado.
   -Não preciso que você me diga o que fazer. - Falou com uma voz fria o primeiro. - Não foi para isso que o chamei aqui. Duvido que você já não saiba de algumas dessas coisas, senão tudo.
   -Então por que foi que me chamou até aqui?
   -Para dizer-lhe que colocarei um fim nisso tudo. E quando eu acabar será a sua vez de morrer.
   -Interessante essa sua participação. Sabe onde me encontrar então. - E dizendo isso, o segundo voltou para o meio das árvores, deixando o outro sozinho. Minutos depois, o outro desapareceu em meio à escuridão.

***

Então, pessoal, o que acharam? Trabalhei nesta história por algum tempo, mas acabei engavetando o projeto depois de algumas páginas... 

Acontece que nunca mostrei estes textos para o público em geral... até agora!

Quem sabe eu volte a trabalhar na história?

2 comentários:

  1. Muito interessante esse projeto. Consegui sentir a vibe certa em todos os trechos. Estou ansiosa por mais informações! Quero saber o que vai rolar! Abraços!

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    1. Valeu, Fernanda, Obrigada pela leitura!

      Comecei este projeto ainda quando adolescente, e o engavetei porque, conforme os anos passavam e meu gosto mudava, não aguentava olhar mais para a história... Porém comecei a sentir vontade de editá-la, deixando-a menos juvenil.

      Em breve postarei o capítulo seguinte, e vamos ver no que vai dar!

      Forte abraço!

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